Demorou: a partir de 1º de dezembro, blogueiros dos EUA terão de informar se estão ou não recebendo algum dinheiro, ou presentinhos, para comentar positivamente sobre determinado produto. É uma decisão da comissão americana de comércio (FTC, em inglês), que já estava sendo discutida há algum tempo. Quem não seguir a regra poderá ser multado em US$ 11 mil. Assim dói.
Tem gente que discorda. Seria uma agressão ao direito supostamente sagrado à liberdade de expressão. Mas o objetivo da decisão da FTC é que os blogueiros deixem claro que sua opinião, de alguma maneira, pode estar sendo influenciada por determinado patrocÃnio. São muitas e sutis, afinal, as consequências de um patrocÃnio. E, quando se trata disso, estamos falando de relações comerciais – e não apenas de uma desinteressada troca de ideias, como as que são comuns nos blogs.
Além do mais, como sempre, há motivos econômicos para deixar o jogo à s claras. Estima-se que cerca de 80% das compras feitas nos EUA, em 2008, tenham sido influenciadas pela internet – o que inclui não só pesquisas de preços, mas também resenhas, análises e comentários afins, positivos ou não.
Não custa lembrar, como indicam algumas pesquisas, que os internautas tendem, cada vez mais, a acreditar piamente no que dizem seus blogueiros prediletos, deixando de lado a opinião da mÃdia tradicionalmente considerada especializada – seja lá no que for. Isso significa que a palavra dos blogs tem peso, sim.
Não é por acaso que tem tanta gente chiando. A nova regulamentação da FTC pode degringolar, provocando rÃgido controle por parte de autoridades sobre a ação dos blogueiros. Como se sabe, no mundo civilizado, tudo pode virar alvo de taxação.
Não é de hoje que se discute sobre a importância de transparência nas opiniões que circulam pela rede. No inÃcio desta década, por exemplo, a Amazon.com foi repreendida porque muitas resenhas que publicava não eram feitas por leitores desinteressados, como aparentava, mas por funcionários contratados para escrever sobre alguns dos tÃtulos à venda. Era uma maneira de manipular a opinião dos clientes – ou não?
Divergência semelhante ocorreu aqui no Brasil, em meados do ano passado. Na época, a Coca-Cola tinha presenteado nove blogueiros, considerados formadores de opinião, com uma minigeladeira. Era a campanha de lançamento de um isotônico.
Para os crÃticos dos blogueiros, a Coca-Cola estaria comprando a opinião deles. Não era nada disso, claro. Seria um erro infantil. No fim das contas, a queixa contra a minigeladeira causou tanto estardalhaço na imprensa especializada, que a campanha de lançamento do isotônico ganhou mais destaque do que deveria.
Fonte: O Globo
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Acho correto a identificação do post pago. Aqui no Brasil é comum essa prática. Quando não há nada falando que o post é patrocinado, blogs acabam influenciando as pessoas na hora da compra, por exemplo, de um produto ou serviço que muitas vezes nem seria tudo aquilo que foi dito mesmo.
Maysa